domingo, 5 de abril de 2009

Cientistas criam estirpe de HIV capaz de infectar macacos

Cientistas criaram uma estirpe do vírus imunodeficiente humano (HIV) capaz de infectar e se multiplicar em macacos, um passo para testar vacinas em macacos antes de as usar em humanos.

Esta estirpe de HIV, foi desenvolvida através da alteração de um gene da versão humana, para permitir que esta infecte uma espécie de macaco chamada macaco de cauda de porco.

A engenharia genética do vírus, uma vez injectada no macaco, prolifera tal como faz nos humanos, mas em última analise o animal consegue suprimir o vírus e não fica doente.

A estirpe é chamada simian-tropic HIV-1, ou stHIV-1.

Os investigadores acreditam na possibilidade de testar em macacos novas drogas e vacinas contra o HIV antes de as usar em pessoas.

Existe um vírus "primo" do HIV chamado SIV, ou vírus imunodeficiente símio, que causa a doença similar do HIV em certas espécies de macacos.

Mas este vírus dos macacos não é idêntico ao que afecta os humanos e não é um substituto perfeito para testar drogas e vacinas contra o HIV.

"Se a nossa investigação for aprofundada, desejamos que um dia, talvez num futuro não muito distante, seremos capazes de criar vacinas que sejam destinadas ao uso humano e que ao mesmo tempo sejam testadas em animais antes do uso humano," disse Paul Bieniasz, um dos investigadores da Universidade Rockfeller de Nova Iorque.

Neste momento os cientistas travam uma batalha para criar uma vacina contra o HIV.

"Se fizermos uma droga que é efectiva contra o HIV, às vezes funciona contra o SIV e outras vezes não. Basicamente, isto desvaloriza o SIV como um animal modelo para fazer experiências para o desenvolvimento de drogas," disse Bieniasz.

"Agora, se quisermos desenvolver uma vacina paralela para o HIV e para o SIV. Podemos testar a vacina contra o SIV em animais e depois esperar que a mesma abordagem funcione em humanos."

No Journal Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores escreveram que ao fazer a engenharia genética do vírus, eles removeram um gene do HIV, conhecido como vif, e inseriram no SIV. Este gene actua com um bloqueador de proteínas produzidas pelos macacos que matam os vírus.

Bieniasz disse que terão de fazer mais alterações no stHIV-1, para o tornar mais capaz para o teste de vacinas.

O vírus modificado genéticamente infecta os macacos, e durante algum tempo é uma boa "mímica" do que acontece nos humanos infectados por HIV, disse Bieniasz.

Mas depois de se espalhar pelo corpo do macaco, o animal é bem sucedido, suprimindo o vírus - não elimina completamente o vírus mas reduz para níveis muito baixos.

"O pequeno problema é que o macacos infectados não desenvolvem a doença," disse Bieniasz.

Publicado dia 3 de Março 2009; Reuteurs UK; Por Will Dunham

Notícia original: http://uk.reuters.com/article/scienceNewsMolt/idUKTRE52203620090303?pageNumber=1&virtualBrandChannel=0



2 comentários:

Ant disse...

Pensava que os primatólogos eram contra a experimentação animal em, bem, primatas!

Bruno Galrito disse...

Como em todas as áreas biológicas, existem, neste caso, primatólogos de campo, os que trabalham para a conservação das espécies e os investigadores que trabalham com primatas, para descobrir o tratamento para uma das doenças que mais afecta o ser humano, como é o caso do HIV. No meu caso sou contra o uso de animais em laboratório para experimentação humana. No caso de primatas muito menos... A questão aqui é que não precisamos de andar a infectar macacos com HIV sabendo que eles são imunes ao vírus e não desenvolvem a doença...tanto que, existem populações de algumas espécies de primatas que transmitem o vírus entre os vários indivíduos e são saudáveis toda a vida!
O que seria interessante estudar, era o sistema imunitário destes macacos para perceber como é que os níveis de HIV ou SIV descrescem e que tipo de resposta imunitária se desenvolve...e não fazer o contrário...tentar criar alguma estirpe que infecte os macacos, que provoque a doença e só depois trabalhar numa vacina que os tente curar...
Agradeço o comentário e espero que tenha esclarecido nesta questão.