terça-feira, 7 de abril de 2009

Chimpanzés usam geometria para se deslocarem na floresta

Se alguma vez se perderem na floresta, sigam um chimpanzé!

Uma nova investigação sugere que os grandes primatas têm uma mapa geométrico mental do seu território, deslocando-se entre dois pontos através do percurso mais curto.




Uma nova investigação sugere que os chimpanzés são surpreendentemente bons navegadores, mantendo mapas geométricos mentais do seu território. (Imagem: Frans Lanting / National Geographic / Getty)




"A coisa mais impressionante quando estamos com uma chimpanzé no meio da floresta, é que nós usamos um compasso ou GPS para nos situarmos, enquanto que estes amigos sabem onde vão sem ajuda de qualquer material geométrico," disse Christophe Boesch, primatologista do Instituto Max Planck para a Evolução Antropológica, em Leipzig.

Com a ajuda de um GPS, C. Boesch e Emmanuelle Normand seguiram os movimentos de 15 chimpanzés, durante 217 dias, em Côte d'Ivoire's, Parque Nacional de Tai.

Num determinado dia, um animal pode visitar 15 das cerca de 12,000 árvores que pertencem ao seu território de 17 km quadrados, disse Boesch. "São uma espécie de nómadas."


Monitoramento

Todas as manhãs, os investigadores acordavam antes dos chimpanzés e seguiam-nos até estes irem dormir - frequentemente em ninhos diferentes. A posição GPS dos indivíduos era gravada a cada minuto.

"Estávamos aptos para fazer este estudo devido à nova tecnologia GPS, que funciona perfeitamente na floresta tropical. O que não era o caso há cerca de 5 anos," disse Boesch.

Depois de analisarem os dados, Boesch e Normand verificaram boas evidências de que os animais escolhem as suas rotas usando um mapa mental, construído através de coordenadas geométricas, em oposição a uma navegação estilo marcas para rotas frequentes.

Os indivíduos tenderam a mover-se em linhas rectas, enquanto se deslocavam de árvore em árvore, abrandando o seu ritmo de marcha quando se aproximavam do destino. Os chimpanzés também visitavam outras árvores dependendo da localização da actual.

Isto sugere que os chimpanzés não dependem exclusivamente pontos de referência (landmark) tais como, árvores específicas e córregos para se descolarem. Estas marcas podem surgir uma vez que o chimpanzé se aproxima do seu destino.


Estilos de viajar

Investigações anteriores e a experiência do quotidiano, sugerem que os humanos possuem dois estilos de navegação, dependendo do ambiente.

"Numa cidade podemos usar ruas, que são as clássicas landmarks, ao passo que se fossemos um Pigmeu na floresta húmida tropical ou um esquimó no Árctico, onde não temos nada como ponto de referência, teríamos de aprender usando meios sofisticados," disse Boesch.

Paul Garber, um biólogo antropológico na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, pensa que a distância entre dois pontos poderá não ser único factor na escolha da rota de um chimpanzé.

A qualidade e a quantidade de comida, bem como a competição pela mesma, poderão ser factores que influenciam a escolha da rota. Além disso, tal como um vendedor que optimiza as suas viagens, os chimpanzés talvez pensem na navegação com "um olho no futuro", disse Garber. "Eles talvez façam um plano da viagem, não visualizando apenas um passo, mas muito passos à frente."

Publicado dia 12 de Março de 2009; New Scientist, Life; por Ewen Callaway